Entrevista com Jesper Eliasson - Diretor de Desenvolvimento de Negócios da PAF

 

 

Nesta edição falámos com ele sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) e como ela pode criar valor no negócio regulamentado dos jogos online.

 

APAJO: Jesper, conhecemo-nos num debate sobre inteligência artificial e machine learning, onde falou sobre a forma como as tecnologias de IA podem ser usadas na indústria. Por exemplo, entrou no mercado suíço em parceria com a Grand Casino Luzern, e agora a Mycasino.ch já é claramente líder de mercado. Qual é a sua opinião sobre IA?

 

Jesper: A PAF foi uma das primeiras pioneiras no jogo pela Internet em 1999. Operamos apenas em mercados regulamentados, como a Finlândia, Suécia, Estónia, Letónia, Espanha e, como mencionou, na Suíça desde 2019. A IA não tem tido grande presença nos jogos de fortuna e azar, mesmo na PAF. Mas, por exemplo, se olharmos para a Netflix ou outras lojas online com grandes quantidades de produtos, a IA claramente orienta os consumidores a fazer escolhas preferenciais com muito mais facilidade e rapidez. Simplesmente facilita a jornada do cliente. E uma área específica em que as empresas e reguladores de jogos de fortuna e azar podem beneficiar da IA é a do Jogo Responsável.

 

APAJO: Quais são as principais vantagens da IA e quais podem ser as suas desvantagens?

 

Jesper: No negócio de jogo regulamentado, todas os operadores desejam uma alta taxa de canalização, o mais próximo possível de 100%. Uma maneira de os reguladores combaterem o mercado ilegal de jogos de azar é permitir que os operadores forneçam a melhor qualidade em termos de jogos e de métodos de pagamento. Nesse caso, não haverá grande motivo para os clientes procurarem outras ofertas ilegais.

Como o jogo é prejudicial para uma parte da população, precisamos de ter um sistema robusto de Jogo Responsável. Nesse contexto, a IA pode desempenhar um papel importante para reduzir os riscos do vício em jogos de azar. Um bom exemplo aqui é a Suíça, onde todas os operadores compartilham os seus dados com o regulador, que é a base para começar a desenvolver operações de cross-over RG-AI.

 

APAJO: Como todos sabemos que os dados só podem ser protegidos até um certo grau, acha que podemos lidar com eles na sua maioria ou serão eles que logo nos controlarão?

 

Jesper: Não vejo problema nisso. Os clientes estão acostumados a negociar diariamente.
Se o conteúdo é atraente, eles aceitam-no. Hoje, os bancos de dados mundiais de vários serviços já sabem muito mais sobre o nosso comportamento do que nós. Temos leis que informam como os dados podem ser usados, o que também protege o utilizador. No jogo pela internet, temos pré- e pós-regulamentação. Se estiver num mercado regulamentado como operador, deve ver como natural compartilhar os dados com o regulador e desenvolver a IA para evitar os efeitos negativos do jogo e adotar o entretenimento para as massas.

 

APAJO: Com o aproximar das novas tecnologias de transações de dados, por exemplo 5G, IA ou RA registarão um crescimento mais rápido. Quais são seus pensamentos sobre isso?

 

Jesper: Essas tecnologias irão apenas adicionar fontes mais exatas às quais recorrer quando alguém estiver à caça de uma melhor experiência para os seus clientes.

 

APAJO: Agora, a Comissão Europeia (CE) também está ciente de que a IA já está a acontecer e publicou um Livro Branco sobre IA em fevereiro deste ano. O que esperaria da CE para facilitar o uso adicional da IA?

 

Jesper: O Livro Branco destaca que “a Europa pode combinar os seus pontos fortes tecnológicos e industriais com uma infraestrutura digital de alta qualidade e uma estrutura regulatória baseada nos seus valores fundamentais para se tornar um líder global em inovação na economia de dados e nas suas aplicações”. Como todos os países europeus implementam as suas próprias leis sobre jogos de azar, acho que isso fornecerá ao regulador específico do país uma ferramenta para aumentar a segurança do jogo, sem prejudicar o produto por meio de várias limitações que apenas levam os clientes a ofertas ilegais.

 

APAJO: Última pergunta: como será o mercado de jogos online, digamos, daqui a cinco a dez anos? Qual é a sua visão do futuro?

 

Jesper: Eu prevejo que os reguladores e operadores em toda a UE tenham aprendido muito com os primeiros anos de regulamentação e que os processos inteligentes tenham evoluído usando a IA para lidar com RG, AML ou KYC com mais eficiência. Os operadores poderão concentrar-se na venda de uma experiência emocionante de jogo, de maneira segura e com custos mais baixos em comparação com as rotinas ainda manuais de hoje. A coisa mais importante para qualquer operador ou investidor é a previsibilidade e a igualdade de condições entre os concorrentes.

 

APAJO: Muito obrigado por essa visão muito informativa. Espero recebê-lo em breve novamente para uma nova troca de ideias.

 

Jesper: Muito obrigado, Anne-Marie, por receber-me aqui.